segunda-feira, 10 de novembro de 2008

VESTIBULAR SABE 2009

SABE é a marca de educação interativa via Internet do Centro Universitário Sul de Minas - Unis -, uma instituição mineira de ensino superior com mais de 40 anos de tradição, credenciada para oferta de cursos na modalidade EaD pela portaria do Ministério da Educação - MEC - nº 4.385/05 .

A marca SABE foi criada para que outras instituições do Estado pudessem participar com o Unis do desenvolvimento da EaD mineira.


ACESSE AQUI PARA CONHECER NOSSO PORTAL DO VESTIBULAR: http://vestibular.unis.edu.br/

sábado, 5 de abril de 2008

Meu quarto (Luiz Cláudio Gonçalves)

Neste mundo irreal de sonhos, mas tão real pra mim, consigo ser feliz dentro das quatro paredes em que vivo e que me parece ser os quatro cantos dos mundo.
Como o personagem que busca chegar ao seu destino, de deixar Lisboa e chegar à Santarém, pólos opostos, mas que têm algo em comum; emoções que se vivem aqui, vive-se lá também.
Na busca da poesia encontro em Deus razões de sobra para viver.
Um viajante afoito em descobrir novos mundos e novas pessoas numa busca que a alma anseia conhecer mais e mais.
Passo a ver que minha viagem poderia ter sido diferente, mas ela foi exatamente como eu queria que fosse; não saí do meu quarto e nem da minha terra, mas me encantei com a beleza do mundo que vi.
De dentro do meu quarto resolvi sair para uma viagem imaginária, sabendo que chegaria em muitos lugares e encontraria também muitos obstáculos pelo caminho.
Encontrei gente que não imaginava existir. Gente cheia de sonhos e que estavam dispostas a amar e que estavam à espera de um amor.
Na saída imaginei que iria passar por muitos lugares e assim o fiz. Vi terras geladas e da minha janela vislumbrei um mundo surpreendente.
O barco navegava por mares bravios e enfrentou tormentas onde tive que usar todas as forças para vencê-las.
Sempre o mundo será repleto de pessoas interessantes. Desde que se aventurem a navegar por mares, migrando para vários lugares, trazendo em sua bagagem os seus sonhos e suas aspirações.
Em minhas andanças pelo mundo, convivi com o inesperado que sempre surpreendia. Por desconhecer hábitos e lugares, sem conhecer a cultura local, várias dificuldades encontrei.
Vejo-me dentro do palácio de um rei e me impressiono com a beleza das pinturas, do rosto repleto de luzes. Enfim, acordei de um sonho... estava em meu quarto...

Praça do ET - Varginha

Aline, Jaqueline e Michelle
Gessica, Aline e Michelle

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A METODOLOGIA AUTÔNOMA DE MALBA TAHAN NA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA E DO RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO. (Roseli da Costa Silva)


RESUMO

Este trabalho discute as questões envolvidas na Construção da Narrativa e no Raciocínio Lógico- Matemático abordadas por um Educador que superou o seu tempo inovando e reinventando métodos para o ensino destas disciplinas. Mostra que através da Autonomia é possível incentivar os alunos a se envolverem efetivamente no processo de aprendizagem de uma forma interdisciplinar e prazerosa, tendo em vista que muitos alunos não conseguem associar a matemática com a língua Portuguesa. Finalmente, enfatiza a importância de Educadores pensarem em novas soluções para os antigos problemas destas disciplinas, a exemplo do Educador Malba Tahan (Júlio César de Mello e Souza), assegurando a autonomia de seus educandos.


Palavras-chave: Júlio César de Mello e Souza; Autonomia; Narrativa; Matemática; Aprendizagem.


Abril, 2008


1 - INTRODUÇÃO

O ensino da Matemática e da Língua Portuguesa, muitas vezes, não são considerados pelos alunos, ou pelos próprios professores, inter-relacionados em sua plenitude, talvez pela sua complexidade ou por serem considerados distintos.
Porém, o Educador brasileiro Malba Tahan (Júlio César de Mello e Souza), em sua Metodologia única e inovadora para sua época, conseguiu estabelecer uma correlação entre as duas disciplinas, sendo admirado por sua autonomia e pelo desenvolvimento da autonomia de seus alunos, assegurando-lhes sua aprendizagem.
Pretende-se com esta pesquisa, divulgar o método de ensino deste educador, suas obras relevantes para a Educação, contribuir para o conhecimento de futuros educadores e demonstrar que a autonomia se faz necessária no processo de aprendizagem.

2 – PEQUENA BIOGRAFIA DE JÚLIO CÉSAR DE MELO E SOUZA OU ‘MALBA TAHAN’
Segundo VILLAMEA (1995, P. 9-13), Júlio César de Mello e Souza, era filho de professores, tinha oito irmãos, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 06 de maio de 1895, faleceu dia 18 de junho de 1974, em Recife.
Freqüentava as tertúlias onde costumava contar histórias. Suas histórias tinham às vezes muitos personagens, alguns deles com nomes esquisitos como Mardukbarian, Protocholóski, Orônsio e outros sem função no contexto.
Júlio César ingressou no Colégio Militar do Rio de Janeiro em 1906, onde permaneceu até 1909 quando se transferiu para o Colégio Pedro II. Não foi bom aluno de matemática no Colégio Pedro II: chegou a tirar dois em uma sabatina de álgebra e cinco em uma prova de aritmética. Criticava veementemente a didática da época que classificava como o detestável método de salivação.
Vocacionado para o magistério, concluiu o curso de professor primário na Escola Normal do antigo Distrito Federal e, depois se diplomou em Engenharia Civil pela Escola Politécnica em 1913.
Iniciou suas atividades profissionais como servente e auxiliar interino da Biblioteca Nacional, privilegiada oportunidade de conviver com milhares de livros. A sua carreira de professor começou nas turmas suplementares do Externato do Colégio Pedro II. Depois, assumiu a docência na Escola Normal. Lecionou para menores carentes. Tornou-se mais tarde catedrático do Colégio Pedro II, do Instituto de Educação, da Escola Normal da Universidade do Brasil e da Faculdade Nacional de Educação, onde recebeu o título de Professor Emérito.
Durante seus quase oitenta anos ministrou cursos e ministrou mais de duas mil palestras para professores e estudantes, especialmente normalistas. Em 1954 esteve em Fortaleza proferindo palestras no Colégio Militar, no Instituto de Educação e no Clube Líbano.
Publicou ao longo de sua vida cerca de 120 livros sobre Matemática Recreativa, Didática da Matemática, História da Matemática e Literatura infanto-juvenil, atingindo tiragem de mais de dois milhões de exemplares. Seu primeiro livro - Contos de Malba Tahan - foi publicado em 1925.
Sua obra mais popular, O Homem que Calculava (mais de 40 edições) conta a história de um árabe que em suas andanças pelo deserto usa a matemática para resolver problemas característicos da cultura árabe. Foi premiada pela Academia Brasileira de Letras quando de sua 25ª edição em 1972. Traduzida para vários idiomas, foi editada nos últimos cinco anos na Espanha, EUA e Alemanha.
Malba Tahan ocupou a cadeira número 8 da Academia Pernambucana de Letras, é nome de escola no Rio de Janeiro. A homenagem mais importante foi prestada pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro instituindo o dia do matemático na data de seu nascimento, dia 06 de maio.

2.1 - A METODOLOGIA DO EDUCADOR
De acordo com SALLES (1995, p. 4-7), nas aulas, trabalhava com estudo dirigido, manipulação de objetos e propôs a criação de laboratórios de matemática em todas as escolas.
Em seu depoimento no Museu da Imagem e do Som, Júlio César admitiu não dar zeros: “Por que dar zeros se há tantos números? Dar zero é uma tolice”. Encarregava os melhores da sala para ajudarem os mais fracos. Com isto, até meados do ano, todos os alunos estavam na média. Utilizava recortes de revistas e de jornais, provas, e pedia para os alunos colarem em seus cadernos. Dizia que o caderno era o reflexo do aluno.
O seu pseudônimo “Malba Tahan” (o Moleiro de Malba), demonstra bem como ele lecionava. Fantasiava-se, às vezes com exagero, contrariando os tradicionalistas e contava histórias inventadas por ele mesmo. “Os números e as propriedades numéricas eram para ele como seres vivos”. SALLES (1995, p. 6). Tudo era motivo de animação e diversão. As crianças aprendiam brincando.
Ele narrava histórias, despertando o interesse dos alunos e ensinava matemática, através da narrativa de histórias, jogos e enigmas. Os erros não o incomodavam porque ele sabia que a matemática tinha que ser descoberta e os erros ajudava a descobrí-la.
Malba Tahan foi o precursor de uma nova tendência que se afirma com vigor e tem adeptos em todo o Brasil: a Educação Matemática. Porque antes dele, a matemática estava veiculada à Álgebra, a Aritmética e a geometria. Pioneiramente trabalhou com a História da Matemática, defendeu com veemência a resolução de exercícios sem o uso mecânico de fórmulas, valorizando o raciocínio e utilizou atividades lúdicas para o ensino da matemática. Muito antes de se tratar no País da interdisciplinaridade, Malba Tahan preocupou-se com a unificação das ciências sendo objeto de estudo em vários países e teses.
Em seu livro “O Homem que Calculava”, ele conta histórias que envolvem problemas matemáticos de uma forma muito interessante: cada história apresenta um problema a ser resolvido, uma é seguimento da outra e conseqüência da próxima, despertando a curiosidade de continuar lendo; a fantasia que envolve o leitor é simplesmente fantástica, permeando a mente de crianças e jovens; e a solução dos problemas pode ser resolvida de várias maneiras lógicas, pelo raciocínio, apresentando no final do livro a resolução pelas fórmulas.
“Bem aventurados os contadores de histórias infantis, pois eles alegram, educam, distraem as crianças e são por elas estimados e sempre relembrados.” MALBA TAHAN (1956, p.01). E suas histórias refletem muito bem esta sua teoria. São contos, ora fantasiosos, ora realistas, mas todos escritos do modo como se deve contar uma história. Ao lermos seus contos, sentimo-nos como a própria criança ouvindo uma história bem contada, com uma linguagem simples e cheia de significados. Não com fundos moralistas, mas sim com mensagens de boa conduta, atitudes e virtudes:
“Você sabe como apareceu o arco-íris? Vou contar. Preste atenção: Além muito além daquelas montanhas que aparecem ao longe, havia um país imenso, cheio de rios e florestas, chamava ‘ O País do Tempo’. (...). Faça, pois, cada um, o bem que puder, pois só pela prática do bem é que as criaturas serão felizes e estimadas por todos. O sapo é feio, mas é útil.” MALBA TAHAN (1956, P. 56, 79).

Toda criança fantasia, aprecia contos de fadas. Esta foi uma maneira que ele encontrou para conseguir lecionar e efetivar a aprendizagem de seus alunos: muita criatividade, paciência e imaginação.

2.1 – A NARRATIVA E O RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
De acordo com NASPOLINI (1996, P.132), a narrativa é um tipo de texto que pode e deve ser aprofundado na sala de aula, uma vez que as crianças demonstrem interesse por ela. Mas a função primordial da narrativa é desenvolver o raciocínio lógico da criança. Podem-se usar slides, filme, texto poético, para estimular a narrativa.
Todos os elementos da narrativa estão presentes tanto na narrativa ao público adulto, quanto ao infantil. Porém para as crianças, as narrativas são mais curtas, possuem atrativos como: humor, suspense, medo, estilo despojado, distanciando-se cada vez mais do tom moralizador e desestimulador de preconceitos. CUNHA (2002, p. 14).
SILVEIRA (1998, p. 54) cita COMENIUS, que provavelmente foi o primeiro pedagogo a apontar a necessidade de usar meios de ensino no processo docente, na sua ‘Didática Magna’.
“Para aprender tudo com mais facilidade deve-se usar o maior número de sentidos, o ouvido com a vista e a língua com a mão. Não somente recitar aquilo que se deve saber para que os ouvidos o recolham, mas desenhando-o também para que se imprima na imaginação pelos olhos.”

A Teoria das Inteligências Múltiplas foi elaborada por Gardner a partir da década de 80. Segundo RADICCHI (2003, p. 27), a Inteligência Lógico-matemática determina a habilidade para o raciocínio dedutivo, para a compreensão de cadeias de raciocínio, além da capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos.

2.2 - AUTONOMIA
Temos em KAMII (1980, p. 103), um significado bem simples para Autonomia: “(..) ser governado por si próprio. É o contrário de heteronomia, que significa ser governado por outrem”. Ainda de acordo com a autora, que cita PIAGET (1980, p. 106), o que diferencia uma criança tornar-se autônoma ou heterônoma é a atitude de pais e educadores que reforçam esta heteronomia com castigos e recompensas e estimulam a autonomia quando intercambiam pontos de vista com elas. Pois a punição fará com que a criança repita o ato, mas com o cuidado de não ser descoberta, ou tornam-se conformistas, ou ainda, se revoltam. Para desenvolvermos sua autonomia, devemos reduzir nosso poder de adultos. A autora ainda comenta que exemplos de autonomia seria Copérnico ou qualquer outro inventor de uma teoria revolucionária na História ou na Ciência.
Quando uma criança precisa explicar o seu raciocínio, de um resultado errado, ela corrige-se de modo autônomo, porque ela tenta mostrar seu ponto de vista com o de outro, dando conta de seu próprio erro. E esta coordenação de ponto de vista com colegas, é mais eficaz que a correção feita pelo professor.
As crianças que são desencorajadas a pensarem autonomamente construirão menos conhecimento que aquelas autoconfiantes.

3 – METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste artigo foram selecionadas algumas obras sobre o Educador Júlio César de Mello e Souza e outras obras concernentes aos assuntos abordados. Após leitura por alguns anos sobre o autor, análise da teoria comparou-se a sua metodologia de ensino com as metodologias aplicadas atualmente, inclusive as teorias de grandes autores da Educação. O tema foi dividido em três fases, nas quais se relatou a biografia resumida do autor, bem como sua metodologia, uma pequena análise sobre autonomia, raciocínio lógico-matemático e narrativa, e como resultado da análise, fez-se uma comparação entre os tópicos abordados, resultando em um relatório final.
4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
Segundo PELLEGRINI (2001, p. 19-23), as idéias dos grandes pensadores e estudiosos da educação, está reunida nos PCN’ em:
· FERREIRO: escreveu em 1979 a “Psicogênese da Língua Escrita”, um marco na área da Alfabetização, em que a criança passa por quatro estágios.
· FREINET: cantinhos pedagógicos, trocas de correspondências, trabalho em grupo, aulas-passeio, foram idéias defendidas por ele na década de 20, na França.
· FREIRE: escreveu em 1964, a “Pedagogia do Oprimido”, em que a educação seria um ato político, cujo resultado seria a relação de domínio ou liberdade de uma pessoa.
· GARDNER: lançou no Brasil, a “Teoria das Inteligências Múltiplas”, escrito há dezoito anos nos estados Unidos.
· PIAGET: sueco, lançou em 1923 “A Linguagem e o Pensamento”, em que a criança se desenvolve pela sua relação com o meio.
· VYGOTSKY: o bielo-russo que na década de sessenta, sua obras destacavam a interação social para o desenvolvimento do ser humano.
Pretendo com estas datas, destacar o pioneirismo de Júlio César de Mello e Souza, que utilizava os mais variados métodos para atingir um objetivo: ensinar. Vemos nos seus métodos, uma interação entre o português e a matemática, que segundo os autores citados, não há como serem desvinculados. Se o aluno aprende o português, então o professor pode atingir esta mesma prática na matemática.
Os grandes pensadores deixaram grandes construções pedagógicas para a educação, que são seguidas em todas as escolas. Mas o nosso brasileiro, não costuma ser muito mencionado nas escolas. Até mesmo alguns professores de matemática, ignoram sua existência, ou desconhecem seus feitos. Acredito que se os métodos deste educador fossem respeitados, ou pelo menos mais divulgados, estaríamos há muito tempo, praticando uma boa parte dos métodos destes pensadores, pois muitas de sua idéias e práticas, são encontradas nestas teorias. Principalmente as que envolvem o raciocínio lógico, como cita NASPOLINI, através da narrativa. Ou a relação de liberdade, defendida por FREIRE; o desenvolvimento da criança com o meio, como ensina PIAGET; e ainda o desenvolvimento das inteligências múltiplas, em especial neste este artigo, a lógico-matemática, conforme GARDNER.
Este método do educador Júlio César, aplicado autonomamente na década de 20, em um momento de repressão brasileira, que desvalorizava obras brasileiras, foi um marco na nossa história. É um exemplo de que o educador pode e deve ultrapassar fronteiras, sem que com isto agrida o intelecto do aluno, ou seu ambiente escolar. Estar um passo à frente do ensino, como Júlio César, pode ser impossível, porque a cada dia têm-se novas descobertas. Mas estar a vários passos de nossos antigos costumes, que por vezes nos prendem a um protótipo, ou deixar o aluno avançar vários passos à sua frente, pode ser uma solução para aplicação de antigos métodos, com novos conceitos. Ou seja, o desenvolvimento da autonomia do educador e do educando.

5 - CONCLUSÃO
Não tenho o objetivo pretencionista de confrontar o Educador Júlio César com grandes educadores, reconhecidos mundialmente. Apenas gostaria de ressaltar a sua autonomia, sua audácia em educar e conseguir mediar o conhecimento, através da simplicidade, da criatividade e da fantasia, quando muitos não conseguiam sequer, motivar seus alunos. Com a grande vantagem deste produto ser genuinamente brasileiro, embora não tão reconhecidamente.
Como a imaginação e a criatividade são inerentes à criança, cabe ao professor, de uma forma autônoma, propiciar condições para que esse talento não se iniba ao longo de sua vida, mas sim, que floresça o conhecimento e a habilidade em aplicá-lo em benefício da natureza. A criança, por natureza, apresenta o viver imaginativo-criativo espontaneamente, e se o professor não trabalhar sua autonomia, este viver se limita dificultando sua aprendizagem, porque ela, interativamente, está sempre pesquisando todas as coisas no seu conviver.
As dificuldades encontradas por alunos e professores no processo ensino-aprendizagem da matemática e na construção da narrativa, são muitas e conhecidas. O aluno, muitas vezes, não consegue entender a matemática relacionada com o Português, sente dificuldades em utilizar o conhecimento ‘adquirido’. Em síntese, não consegue efetivamente ter acesso a esse saber de fundamental importância. O professor, por outro lado, consciente de que não consegue alcançar resultados satisfatórios junto a seus alunos e tendo dificuldades de, por si só, repensar satisfatoriamente seu fazer pedagógico procura novos elementos - muitas vezes, meras receitas de como ensinar determinados conteúdos – sem, contudo, inovar as velhas receitas da arte de ensinar.
A autonomia se desenvolve e se consolida na medida em que o sujeito adquire confiança em sua capacidade de raciocinar e justificar sua forma de pensar e amplia-se quando o indivíduo chega a convicção de que a matemática e seus problemas têm sentido, são lógicos e, até divertidos, assim como o Português pode ser uma fantasia deliciosa de se realizar. E é através desta convicção, que espero incentivar colegas educadores a conhecerem profundamente as obras deste grande educador, e como ele, desenvolver sua autonomia e a de seus alunos.

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUNHA, Maria Antunes da. Mergulhando na leitura literária. Belo Horizonte, MG: SEE: Lições de Minas, v.2, 2002.

CAPELLER, Leon; COELHO, Paulo Tarso; SILVEIRA, M.H. Educação no Olhar. In: Salto para o futuro. Brasília, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, V. 1, 1998.

KAMII, C. A criança e o número. Campinas, S.P: papirus, 1990.

NASPOLI, A. T. Narrativa In: Didática de Português. São Paulo: FTD, 1996.

PELLEGRINI, D. Aprenda com eles a ensinar melhor. Revista Nova Escola. Ano XVI, nº 139, p. 18-25. São Paulo: Fundação Victor Civita, 2001.

RADICCHI, E. R. V. Novas tendências metodológicas na arte de ensinar. Consultoria Técnica Educacional. Belo Horizonte: CTE, 2003.

SALLES, P. O homem que calculava. Revista Ciência Hoje da Criança. Ano 8, nº 54. Rio de Janeiro: SBPC, 1995.

VILLAMEA,L. Malba Tahan, o genial autor da sala de aula. Revista Nova Escola. Ano X, nº 87. São Paulo: F. V. C, setembro, 1995.

TAHAN, Malba. Paca tatu. Rio de Janeiro: Conquista 1956.

____________. O homem que calculava. Rio de Janeiro: Editora Afiliada, 1999.
Roseli da Costa Silva[1]:
[1] Sistema Aberto de Educação – SABE- Pólo: Varginha, MG.
Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS – Letras – 1º período
Bibliotecária Escolar – Escola Municipal “Francisco Diniz” – Luminárias, MG.

Devaneios... (Tiago de Azevedo Maganha)

Dada a tarefa de confeccionar um texto paralelo ao de Xavier de Maistre, iniciei uma pequena e, ao mesmo tempo, longa viagem à roda do meu quarto. Na verdade, estou em duvida se começo pelo amanhecer ou pelo anoitecer, mas como sou um indivíduo de hábitos diurnos, começarei pelo começo, isto é, pelo amanhecer.
Meu quarto está entre um banheiro e um outro quarto, que agora está desocupado, aliás, ocupado por duas camas e dois roupeiros quase sempre inanimados. Gosto desta posição, e ousaria até alcunhá-la de estratégica, pois ainda não possuo um anexo aconchegante, também chamado de suíte, não raras vezes me desloco para o banheiro e, graças a sua estratégica posição, não gasto mais que cinco passos para chegar até à cerâmica milagrosa que é a bacia, a maioria chama de vaso mesmo, outros sanitário, e alguns até mesmo de privada, na verdade o chamo de vaso, apenas citei esta nova alcunha, bacia, porque aprendi recentemente em um estabelecimento que vende apetrechos para o famigerado, formidável, aconchegante, relaxante, prazeroso, instigador de idéias, pensamentos, sentimentos adormecidos, pessoas esquecidas, momentos deletados, aspirador de inspirações, e outros adjetivos dignos da alta realeza do supracitado anexo.
Pois bem, você já possui uma superficial idéia de onde se localiza, ou onde está posicionado o meu quarto. No interior, ao abrir a porta, você avistaria meu leito, ao lado meu roupeiro, a frente uma mesa com sob meu computador, um pouco à direita uma estante com livros, e ainda mais um pouco à direita, uma mesa com os objetos flutuantes.
No amanhecer, os raios solares penetram pelas fretas da janela, formando uma espécie de mosaico. Pela manhã, quando o sol está enfurecido, nota-se uma ligeira claridade por estas frestas e, por ser um individuo de hábitos diurnos, não me importo com isso, ao contrário, enquanto realizo os alongamentos ainda no leito, observo as mais variadas formas dos mosaicos da minha janela. Imagine você esta atmosfera entorpecente, esta mescla de baixa luminosidade com o estalar dos músculos anteriores e posteriores, em suma, uma sensação paradisíaca.
Os alongamentos citados acima são recentes em meu despertar, até pouco tempo atrás acordava sobressaltado, quase esbaforido, e para não perder tempo, logo me punha de pé e me dirigia rapidamente ao anexo aconchegante para molhar minha face e me despertar compulsoriamente. Entretanto, aprendi com uma senhora, muito sábia, a importância de se alongar, ainda no leito de descanso, as mãos e os pés, e de se espreguiçar com ânimo, alongando as vértebras, esticando a coluna cervical, gastar alguns segundos bocejando, acreditem, todo este processo não gasta mais de cinco minutos, é muito relaxante e ainda mais prazeroso quando se tem mosaicos formados com a penetração dos raios solares nas frestas da minha janela.
Meu colchão é uma obra prima, suave, se encaixa perfeitamente ao meu corpo, isso me dá uma maior sensação de descanso, não que eu goste de descansar, na verdade preferiria ficar acordado, dado as circunstâncias hodiernas, a celeridade em que se dá a vida, gostaria de ter uma poltrona no lugar da minha cama, mas como a minha alma traz a “besta” agregada, ainda tenho que dedicar um tempo ao descanso da “outra” como diria Platão.
Citei os objetos do meu quarto, mas interessante mesmo é o que tem dentro de cada um deles, exceto a cama, obvio. O roupeiro na verdade não abriga apenas roupas, mas lembranças. Guardo em um canto, uma caixinha, que permaneceu por muito tempo escondida, e com o passar do tempo foi substituída por uma maior. Tenho guardado nela cartas, diários, fotos, papeis de bala, ursos de pelúcia, roupas intimas, recadinhos obscenos, propostas indecorosas, guardo ali momentos, pessoas, lembranças, passado, e por isso não fico mexendo sempre nestes guardados. Aliás, algumas vezes me passou a idéia de jogar esta caixa, com tudo dentro, bem longe de mim, de preferência em um rio, que dá idéia de renascimento, mas uma secretaria do patrimônio cultural não me deixou, e alem desta, a secretaria do meio ambiente também obstaculizou em prol do rio que já está um tanto quanto carregado.
Como não tenho o hábito de abrir a caixa, apenas lançar alguns objetos de quando em vez, não vou abri-la agora, e não me condenem por isso, garanto que você já teve ou tem uma caixa deste tipo, que você procura esconder de todos, até o dia que uma curiosa ou curioso (depende do sexo de sua da sua alma gêmea), movido pelo sentimento, no mínimo desbravador, localiza, com um olhar certeiro, a até então ocultada caixa, este momento é critico, explicações, palavras, na maioria das vezes não conseguem justificar alguns objetos, mas é um risco que se corre.
No roupeiro guardo também um álbum, que por motivos particulares, ainda prefiro que ele fique lá, longe das mãos alheias, num futuro talvez ele esteja disponível, trata-se de um álbum de fotografias, que guarda não apenas o passado, mas também o presente, este último me desesperaria se não fosse algumas atitudes que estou tomando para que este álbum não se estenda também para meu futuro. Roupas, confesso, adoro roupas, os tecidos variados, as cores, os cheiros, cada camisa conta um historia, cada calça nos remete a um momento, talvez você me tenha como saudosista, talvez até esteja certo, todos temos imperfeições.
No computador guardo muitas fotografias, tenho meus amigos ali guardados, amigos que se foram, alguns que se foram para a eternidade, outros que se mudaram e deixaram uma lacuna recente. Tenho nesta maquina revolucionária, instrumento que uso para lhe descrever meu aposento, textos de minha autoria, tenho o mundo a minha disposição através da internet, tenho o conhecimento, tenho saber, tenho as fofocas e as mais diversas futilidades ao meu alcance num simples clique do mouse.
Na estante guardo meus queridos livros, na maioria lidos, alguns pouco,s apenas folheados, alguns que me foram presenteados, outros que foram prazerosamente adquiridos. Tenho um que leio todos os dias, a bíblia, que me revela histórias fascinantes de um homem chamado Jesus, confesso que este homem tem mudado a minha historia.
Por ter parcas condições financeiras, moro a alguns metros do meu vizinho, do meu quarto, não raras vezes, escuto as conversas, as risadas espalhafatosas de uma louca varrida. Não nutro sentimentos bons para com eles, não morro de amores e não escondo isso também, da minha janela da para ver seu quintal, por isso prefiro os mosaicos a me debruçar e me deparar com uma espécie monstruosa ou com uma cena lastimável deste bando de homens da caverna, onde a civilização é tardia.
Tenho também três fotografias nas paredes, desprovido de egocentrismo, todas são minhas, uma quando tinha uns quatro anos, com os cabelos louros, milimetricamente penteados, com umas camisa pólo abotoada até o último botão, um rosto angelical, um sorriso ligeiro nos lábios, bochechas ardentemente desejáveis, atrás uma cortina floral, a última lembrança que tenho dela foi como pano de chão, meu Deus, como é triste a mobilidade social, num momento você está no ápice da sua carreira, e segundos depois você está abaixo de tudo e de todos.
Na outra fotografia eu tinha uns oito anos, ainda penteado caprichadamente, com uma camisa de manga comprida, sentado em uma cadeira e com um braço sobre uma mesa, apoiado pelo o outro, um sorriso doce estampado, um olhar tão meigo como uma rosa, ali estou eu, como será que me transformei nesta “besta”? A outra fotografia prefiro mão descrever, por fazer parte daquele álbum do meu roupeiro e pasmem, ainda estou milimetricamente penteado.
Meu quarto é um refúgio sem par, um abrigo nos dias de alegria e de tristeza, independentemente de como eu esteja, mais cedo ou mais tarde, estarei aqui, descansando ou lendo, ou descansando lendo, o fato é que estarei aqui, passarei neste estabelecimento quase a metade da minha vida, infelizmente estarei dormindo esta metade, e pode ser que uma parte da outra metade também esteja aqui, diante do computador, como estou agora, ou deitado no leito de meditação, pensando, remoendo, amando, odiando, sonhando, querendo, desejando, dormindo, brincando, escrevendo, construindo, demolindo...

terça-feira, 18 de março de 2008

O Último Sopro da Estrela ( Elaine Cristina Carvalho Duarte)

Depois de reler A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, fiquei pensando em todas as Macabeas existentes por aí. Macabea não é somente a retirante nordestina que vem tentar a vida no sul. Macabea são todas as mulheres que se sentem marginalizadas porque têm vergonha de si mesmas. “Vergonha por pudor ou por se feia?” Mulheres que são como cabelos na sopa porque “não dá vontade de comer.” Macabea são todos os poetas e escritores que se sentem à margem, que pensam “que de um momento para o outro cairão para fora do mundo.” Macabea são todos aqueles que chegaram “ à conclusão de que a vida incomoda bastante, alma que não cabe bem no corpo.” Aqueles que sabem que “a vida é um soco no estômago.”
Em A Hora da Estrela Clarice traça o destino de três personagens que se misturam em um só. Tentando se esconder atrás de um narrador masculino, Rodrigo S.M., “ porque escritora mulher pode lacrimejar piegas”, a autora denuncia o descaso com o retirante nordestino sempre à margem da sociedade, sempre mendigando num mundo que não foi feito pra ele. Entretanto, Macabea também serve de escudo para a própria autora como o narrador masculino. A história da nordestina é intercalada por reflexões desse narrador que, assim como a personagem, se sente à margem e não vê outra saída que não a escrita. “Escrevo por não ter nada a fazer no mundo. Sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens.”
Não é exagero dizer que A Hora da Estrela é um grito desesperado de uma escritora que não sabe mais o que fazer com suas dores. Uma escritora que se sente dispensável num mundo tão mecânico como o nosso. Macabea “é a virgem inócua, não faz falta a ninguém. Aliás – descubro eu agora – também eu não faço falta, e até o que escrevo um outro escreveria.(...) Pois que a vida é assim: aperta-se um botão e a vida acende. Só que ela não sabia qual era o botão de acender. Nem se dava conta de que vivia numa sociedade técnica onde ela era um parafuso dispensável.”
Última obra da escritora, A Hora da Estrela foi escrita quando Clarice já tinha conhecimento da sua doença, já sentia a proximidade da morte e, Macabea, é a personagem que nasce da angustia de se sentir sozinha, de se doer o tempo todo, dentro, sabendo que para essa dor não há aspirina que resolva.
Numa outra perspectiva Macabea se apresenta também como o contrário da autora. Se Clarice escreve porque tem muitas perguntas sem respostas e se angustia com essas perguntas, a nordestina é a que nunca pergunta, “daí não se sentir infeliz. A única coisa que queria era viver. Não sabia para que, não se indagava.” Não seria Macabea o ideal pessoano personificado em Alberto Caeiro? “O mundo não se fez para pensarmos nele / (Pensar é estar doente dos olhos)/ Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...”
Macabea é Rodrigo S.M., é Clarice, é Pessoa, “ és tu leitor”, sou eu, que “escrevo porque sou uma desesperada e estou cansada, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias.”